Tuesday, December 29, 2009
Respire fundo
Entendo agora o que eu vim fazer aqui do outro lado "do outro lado" do mundo, sim, é onde eu estou... em Perth... isolada da civilização, definitivamente.
Perth 'e uma "cidade grande". Para o meio de lugar nenhum é realmente grande! O centro da cidade tem três ruas principais e fica a quinze minutos da minha casa (o que nunca aconteceu antes...digo, eu morar perto do centro de alguma coisa).
Fora isso, faz um calor horrendo de noite que combina muito bem com os barulhos da porta do meu quarto no meio da madrugada, aqueles que fazem qualquer ser humano querer ficar bem acordadinho para ter certeza de que nao abriram a porta do inferno enquanto você cochilava.
De resto, as pessoas são muito legais, são tão gentis que quem vem de um lugar onde generosidade custa um favor aqui e outro ali que nem eu, fica achando que deve ter alguma coisa errada com a água do lugar.
Mas isso é normal para eles... se ajudar, receber bem as pessoas novas, amar cuidar do jardim, que é minha mais recente descoberta: a casa que eu moro tem um jardim simpático com uma parreira, três tinas com pés de limão siciliano, quatro ficus podados e um gramado semi esturricado pela estação, onde o James, meu flatmate, e os amigos dele tomam cerveja até cair a cada dois ou tres dias. Debaixo da parreira fica a mesa onde fazemos a maior parte das refeições e de onde eu tenho meus melhores momentos de ócio criativo ou nem tanto.
Acho que faz muito tempo que não sabia o que era curtir uma casa... aproveitar a luz que entra no quatro para escrever, desenhar, colocar as idéias no lugar.
Eu achava que trabalhar no Guillaume tinha feito um bom estrago nos meus pés e em outras partes do meu corpo que não voltaram pro lugar, no entanto, não tinha percebido nada até o João falar no meu picnic de despedida " nessa idústria (hospitality) é muito fácil você perder a paixão quando não está no ambiente certo, é muito rápido (e estalou os dedos) para você se perder".
E foi exatamente o que tinha acontecido comigo. Eu tinha perdido a paixão. Não tinha percebido que eu tinha perdido a fé no meu trabalho, pior, perdido a confiança em mim mesma, tanto que estava a ponto de jogar tudo para o alto e voltar a ser RP... (que vamos combinar...putz melhor morrer de catapora!). Estava tão sem confiança que um emprego de vendedora de enciclopédia era minha mais nova meta de vida.
Acabei indo para o Brasil para passar boa parte das minhas férias na cozinha da minha mãe. Estranhamente, as grandes transformações culinárias da minha vida acontecem naquela cozinha, esparramadas na pia de granito (que mal sabe ela, é ideal para arte em chocolate!) e naquela mesa de 50 mil anos e tampo de vidro que eu e minha irmã provavelmente vamos nos estapear se um dia ela virar herança.
Durante duas semanas eu me muni do amor pela minha família e principalmente pela força do grande momento da vida da minha única irmã, para dar a ela o meu presente! Para entregar, não um eletrodoméstico embrulhado, mas sim o presente de ser presente como companheira do grande acontecimento da vida dela: o casamento!
E Deus, como ótimo empreiteiro que é, magnanimamente, incansavelmente, pacientemente se encarregou de me mostrar que existe um lugar no mundo para mim que é dentro de mim mesma e pode montar acampamento em qualquer parte do mundo.
Quando meu tempo lá estava para terminar, mais uma etapa começou.
Entao, subi num aviao para encarar o patisserie lounge do Azure. E foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Encarei o trabalho como um oportunidade de voltar a andar e eu caminhei(com as minhas proprias pernas). Este foi meu presente de Natal.
Acho que isso vale para qualquer pessoa... esse tipo de lembrete sutil de que é muito fácil perder o gosto pelas coisas se a gente não está no lugar certo. Mas seja qual for o caso, nenhum dinheiro, status ou quiz de tabuleiro vale a sensação de estar em paz com o mundo e o mundo em paz com você. Quando existe paz então, é batata! É como se os quatro dias que levam para fazer marron glace passassem num instante e você está pronto pra descascar as castanhas de novo!
Quando a gente olha as coisas de fora, muito do que a gente empurrava com a barriga por não saber como sair fica fácil de resolver e ai, vem aquela vontade mor de se chutar porque " como foi que eu deixei isso tomar conta de mim? como foi que eu arrastei isso por tanto tempo??? Por causa de uma geladeira?" ... qualquer que seja o eletrodoméstico da sua preferência, ele nao vale a sensaçao impagável de chegar em casa, chutar os sapatos pro lado e fazer o que der na telha.
Olhar de fora é tão bom... é o melhor lugar para assistir a novela das oito que é a nossa vida... é quando a gente diz "meu!!!!!!!!!! como você não enxerga que ela só se casou com você por dinheiro e que quem gosta mesmo de você é filha da Odete que limpou o seus sapatos com as lágrimas de um esquilo????" - "que burro!"
E essa clareza ajuda a tomar decisões importantes no melhor estilo break through, aquelas que vc decide dar o tiro de misericórdia e terminar um namoro que já azedou ou dar uma chance para alguém que não é bem seu tipo.
A vida tem é urgência que a gente aprenda as lições a tempo de viver as novas experiências de amanhã. Ela sempre dá um jeito de fazer o novo chegar. É preciso entender que o bom de viver é estar vivo!
A minha experiência me diz que o maior presente que a gente pode dar para o mundo é a resolução de si mesmo.
Minha prece é que esse clima de resolução alcance mais pessoas. Que existam mais finais felizes e de boa ventura para o que está por vir. Que exista vontade e que aquilo que está perdido encontre seu lugar no mundo. A gente tem sorte!... só de respirar já estamos ganhando!Vambora crescer porque nenhuma confusão dura pra sempre!
Respire fundo porque esse sopro é fortuna disfarçada de oportunidade.
Wednesday, December 9, 2009
Estou ilhada num mar de roupas... preciso parar um segundo.
Não acredito que vou mudar de novo. E dessa vez, nao vou carregar mobília, nem um milhão de malas, só uma. Estranhamente, sei exatamente o que tenho que levar e mais estranhamente, não estou indo para a rua de baixo, não estou indo para nenhum lugar familiar.
Tudo é novo de novo. Há dois anos, larguei tudo para uma vida nova e agora, me vejo fazendo tudo isso outra vez.
Resolver mudar foi um ato de coragem, talvez mais coragem do que da primeira vez, porque da primeira vez, eu estava querendo salvar a minha vida e não iria negociar minha integridade física, minha sanidade. Mas dessa vez, é diferente. Não houve sofrimento, nem dor, nem desespero. Dessa vez, existem relacionamentos que foram construídos e beijos e abraços e amigos e conhecimento que precisa caminhar.
Como se a vida me olhasse de frente e dissesse "estou te dando de presente uma nova aventura. Não se trata de uma nova chance, de um recomeço, mas de uma continuidade que é parte daquilo que você escolheu se tornar".
Estou ilhada... num mar de roupas, de cores de apelos. E por mais que eu saiba e sinta que tudo está bem... uma nostalgia me bate à porta. Preguiçosa, aquela que nao quer fazer nada, ouvir nada, pensar nada... que estar ali, esparramada em sentimento, em um contentamento insatisfeito dos voláteis câmbios dos impressionáveis e impulsivos.
E quando fecha os olhos esta célula de consciência explode em euforia. Euforia do novo, do calor do desconhecido que provoca calafrios. Dos rostos, da paixão por um ofício, do novo amor distante, agora mais longe, mais perplexo e que não pode declarar-se porque tanta coisa está na frente, tanta vida para ser vivida e resta uma angústia que pede que a vida dê uma chance para que o impossível e o improvável se encontrem no alto de uma montanha para ver o nascer do sol.
Ali do alto, nós que viajamos pelo mundo, que vivemos o que muitos apenas ousaram ler a respeito, também nos entregamos, para nós existe também cansaço e conflito. Existem próximas viagens, porque nunca estamos convencidos. A vida é curta e está em todo lugar num planeta tão antigo como esse e que vivemos.
Um truque do ego ou do destino... o que seria do ser humano sem conflito?
De volta ao meu mar de roupas... me ajuda com isso, por favor?
Monday, November 2, 2009
Um bolo de lã, galhos secos, pedaços de telhado, insônia, um morto, angústia e o FDP que cantou a madrugada inteira a mesma música
Dormi muuuuuuuito mal essa noite!
Hold on... but don't hold too tight... Let go you're gonna be alright, don't run away from what you're heart is saying... toda vez que essa música toca no meu playlist eu pulo... porque a gravaçao é muito alta e parece que eu liguei um alto-falante dentro da minha cabeça. Mas hoje, quando vim aqui escrever já estava tocando e lembrei o pq de ter colocado essa música na minha playlist... para dias em que me falta ânimo.
Esta semana fiquei praticamente me arrastando pelo apartamento, da sala para a cozinha, da cozinha para o quarto, do quarto para o banheiro, do banheiro para a sacada... esperar por alguém é um pé no saco... quem foi o estúpido poeta morto que escreveu sobre esperar eternamente por uma resposta, uma pessoa, qualquer coisa???? Ele obviamente devia ter inclinações masoquistas (que gosta de sofrer)- eu por minha parte estou com inclinações sadísticas (que gosta de bater) direcionadas à poesia da espera.
E antes que me perguntem, não, não estou apaixonada... estou só levemente obcecada pelo fato de que já faz uma semana que não tenho notícias do meu empregador com detalhes do meu emprego... pronto, eu disse... saiu...
E enquanto isso, o tempo está passando e continuo na espera. Já coloquei na cabeça que se tudo, absolutamente tudo der errado, faço as malas e volto para o Brasil e pelo menos chego a tempo de comer Chocotone para o natal e dar um peteleco na cabeça do meu primo por ter brigado injustamente com a minha tia...
Meu Deus, o que custa essa gente desempatar a vida dos outros??? Não fazer nada me incomoda tanto quanto fazer coisas demais... tempo livre tem que ser vivido sem culpa e não com o peso de não estar fazendo nada produtivo.
Para completar a minha lista de desesperos, acabou o pão! E está um p*** sol lá fora que antes seria uma super razão para sair de casa e me expor aos raios UV não fosse pela prapaganda traumatizante do governo australiano mostrando um melanoma maligno destruindo a vida de uma pessoa saudável em rede nacional e finalizada com frase "there's nothing healthy about a tan!" Ou seja, minha vontade andar até o mercado é igual ao meu saldo de namorados no último ano: zero!
Talvez tanta desmotivação tenha a ver com fato de que eu dormi muito mal a noite passada, acordei só umas cinco vezes... mea culpa... antes de dormir fui ver um negócio do SONEN da igreja messiânica online (nao sou da messiânica, mas achei legal o tal do encaminhamento dos antepassados para a purificação que a minhatia Má sempre falou). Só não contava com o fato de que a simples frase : "Meichu sama, estou encaminhando o sofrimento de um antepassado que está se manifestando através de mim para que esse sentimento seja purificado e essa pessoa que não sei quem é seja salva" fosse me dar trezentos pesadelos com um parente morto anos atrás (agora pode soar engraçado, mas na hora não foi). Juro que a intenção foi boa, mas recomendo que isso seja feito durante o dia, pq antes de dormir o efeito colateral é um tanto perturbador.
Fora ficar rolando como um espeto de carne na farofa a noite inteira, quando eu finalmente consegui cochilar, um dos vizinhos coloca uma gravação de uma música horrível para repetir vaaaaaaaaaaarias vezes e cantou junto (todas as vezes em que a porcaria repetiu)!!! - Me diz, o que você faz numa situção dessas??? Estava quase indo bater na porta da minha flatmate para perguntar se ela não estava afim de jogar uma partidinha de buraco na sacada e acordo de manhã como um jornal velho... aquela aparência de que você viveu dois anos em 8 horas.
O resto do tempo de suposto descanso eu fiquei lembrando de cenas de "Hancock" com Will Smith, e no meio dos meus devaneios me senti no meio de uma bola de lã com galhos secos, pedaços de telhado e todas aquelas coisas que só a computação gráfica daria jeito... se alguém sabe interpretar sonhos, por favor, enlighten me!
Minha irmã sempre diz que comer muito também dá pesadelo, mas eu nem comi tanto assim, só um bowl de pasta com quatro nuggets de esponja, digo, de frango (fico imaginando o que a Ingahn's Frozen Chickens faz com o resto do frango porque de todos os produtos que eu comprei só lembro de um que dá pra ver as fibras do frango, os outros sempre me lembram a esponja de banho da minha casa, mas honestamente, não acho que seja suficiente para um pesadelo, deve ser por causa do Sonen mesmo ou talvez o Hancock.
Bem, chega de reclamar... acho que já reclamei bastante e lembro do meu amigo Bruno falando que ele cancelou o blog porque só ficava reclamando. Ou seja, não quero terminar o blog... gosto dele apesar dos meus seguidores serem meus melhores amigos e meu público leitor se restringir a 5 amigos de amigos hehehhe não importa... adoro escrever, não obrigo ninguém a ler, só gosto muito da idéia de por falar tanta coisa sem sequer abrir a boca... quem sabe um dia alguém comente sobre tudo isso e eu fique famosa! No entanto, não se preocupem, sei que alguém que escreve sobre frango esponjoso não é exatamente material de filme hollywoodiano... anyways, a girl can dream.
Prometo que vou me empenhar em injetar um pouco de ação nas minhas aventuras cotidianas... plantar uma árvore de dinheiro ou quem sabe esbarrar com John Mayer na rua e ele dizer "Oh! Estou perdido, me ajuda por favor!" ... a única coisa é que ando desinteressada do JM ultimamente e ele mora em New York... tudo bem, vamos ver então se consigo fazer um surfista italiano dar bola para mim na fila do Thai takeaway! De qualquer forma, vou me empenhar e queridos leitores, comentaristas, pacientes da psiquiatria, conselheiros e psicólogos, este também é um espaço para vocês!
Obrigada por lerem este post sobre nada, mas estranhamente, precisava colocar tudo isso para fora. Oh céus, já me sinto melhor! Acho que vou sair para comprar o pão!
Wednesday, October 21, 2009
SOBRE A EMPOLGAÇÃO DE VOLTAR PARA CASA!
Tudo isso emendado no fato de estar temporariamente desempregada, porém livre do inferno e de no auge da mudança ter que sair por quatro horas para ir a um treinamento do novo emprego!
Oh! Esquecemos de contar! Mamori conseguiu um novo emprego numa empresa consideralvelmente (acrescente quantos mentes quiser) mais razoável que a empresa passada. SIM Mamori terá um emprego quando voltar das merecidas férias no paraíso tropical do Brasil!!!! Uhuuu.
UFAAA...
O importante agora é que Mamori vai de férias ao Brasil, comer empadinha de camarão e pizza de calabresa!
E mesmo que nesses dias que antecedem a viagem ela mal consiga dormir, tamanha é a ansiedade, tudo bem, compensa pois em breve ela poderá dar abraços de urso em todos os seus familiares e amigos!
- Ok narrador, obrigada pelos seus serviços mas agora gostaria de dar umas palavrinhas com o meu público leitor.
Alô, alô, testatando? Estão me ouvindo? Ou melhor, lendo?
Ótimo! Caraca... nem acredito que estou aqui para dizer que estou contando os minutos para chegar no Brasil!
Depois de ter passado por uma super odisséia em que trabalhei, estudei, pedi demissão, arrumei outro emprego, me mudei enquanto começava no outro emprego e administrava o site de casamento da minha irmã e todos os compromissos extras com o Le Cordon Bleu, os amigos e etc, etc, etc, estou sonhando com o fato de que em breve comerei uma coxinha com catupiry dentro!
Aliás, fiz uma lista de coisas que quero comer quando chegar no Brasil, não que eu esteja indo só para comer, mas é uma boa parte do que quero fazer aí (no entando, minha odisséia gastronômica terá início apenas depois do casamento pois não quero entrar na igreja parecendo um bucho enrolado num pano verde!):
Lista para mim mesma:
- coxinha com catupiry
- pastel de queijo e caldo de cana;
- pizza de calabresa e frango com catupiry;
- moqueca de camarão da minha mãe
- onigiri da bá com bife a milanesa e pastel de carne!
- churrasco do villas
- churrasco da mãe da Thatá (asinhas com queijo?)
- churrasco do meu pai (puxa... acho que gosto mesmo de churrasco)
- brigadeiro e beijinho da Thatá
- pão de mel da munik
- bem casado e todos os doces do casamento
- mandioca frita
- banana frita
- caldo de mocotó
- Sushi do Hiroshi
- qualquer coisa que a Bá cozinhar
- acarajé... no entanto não sei onde conseguirei um bom em SP - aceito dicas
- escondidinho de carne seca e mandioca
- leitão a pururuca e tutu de feijão com farofa de ovo
- feijoada com couve
- hot dog com tudo dentro
- sanduba de campinas daquele lugar que a gente come a noite
- manga, melancia, goiaba vermelha, caqui, jabuticaba e ponkan
OH Céus, sinto que vou engordar!
Preciso:
- marcar uma consulta com a nutricionista depois de comer tudo isso
- NÃO marcar consulta com a endocrinologista
- fazer drenagem linfática e talvez me internar no mesmo spa do Daniel Oliveira quando ele filmou CAZUZA.
- Todas essas consultas me fazem lembrar que talvez eu precise dar um jeito nos cascos... isso - marcar consulta com o Ivan.
Melhor começar a descer pra Manly a pé e não tomar mais o ônibus...!
A parte disso... que o tempo passe muito mega master ultra-sonicamente veloz pra eu chegar no Brasil rapidinhooo!
Meu povo e minha pova! Estou chegando! Preparem o sal de fruta!
Monday, October 5, 2009
Incrível
Impressionante é ver irmão tirando do irmão por vaidade ou cruel ambição e ver gente que tem muito pouco ou quase nada dar tudo o que tem porque fora da caridade pouca coisa faz sentido. E tudo aquilo que agride, complexos, distúrbios, paradoxos abandonam o que são porque nem eles mesmos vêem sentido e pedem paz.
Paz para tomar decisões melhores e mais conscientes, paz para caminhar, para se apaixonar, para lavar a boca, voltar atrás, chutar o balde, entender qual face assume qual momento, paz para viver inspirado, para gritar, cantar ou calar, paz para ceder, paz para ser alguém nesse mar de 4 bilhões e mais alguns.
Impressionante é saber que ás vezes tudo o que se pode fazer é contar uma história, mostrar as fotos e os filmes, esperando que quem veja e/ou escute aprenda alguma coisa com ela e seja melhor. Não pelos outros mas por si mesmo e consequentemente para os outros, se assim desejar.
Impressionante é como a vida é imprevisível e que mesmo assim existe uma canção certa para cada ocasião. Impressionante se espantar e comover com o humano, com o coração que bate, com as mão que dão forma à humanidade,com aquilo que se pode fazer e escolher.
Impressionante, não...incrível! Como tudo aquilo que é possível amar. Incrível como nosso futuro.
Sunday, September 13, 2009
Um segundo no tempo
Agradeço pelas flores pelo caminho, pelos lindos olhos que vejo durante meu dia e pela luz nos meus. Agradeço uma gargalhada que há um tempo não dava e por tudo aquilo que me faz forte e paciente. Agradeço a suavidade da vida, valorizo os segundos em que mágica acontece para que eu me lembre que sou protagonista desta história e que ela merece um final feliz.
Só por hoje, neste momento de silêncio e consciência alerta percebo que saber pedir é tão importante quanto receber um pedido e que sorte mesmo é ter tempo para viver a vida ao invés de ouvir falar dela.
Neste instante de silêncio entendo que a presença do divino é calma e simples e que esta conexão está em qualquer lugar. Entendo também que agradecer faz bem ao coração e lembra que o tempo é curto demais para se gastar com qualquer outro sentimento que não seja forte, puro e constante como o amor.
Neste instante, vale à pena render tributo à vida pela sua magnitude e perfeição, vale entregar-se por completo porque quando amanhecer, o tempo já terá passado e as graças estrão prontas para acontecer.
Friday, August 14, 2009
Eu estava procurando trabalho pra completar as benditas 600 horas do meu industry placement e por um mês procurei como uma insana, apliquei para todos os tipos de trabalho, a ponto de pirar na batatinha. Estava tão estressada que liguei pra Má para perguntar onde eu poderia comprar um floral para estresse. Por uma semana dormi com dor de estômago de nervoso. E quando cheguei na farmácia, comprei não apenas um floral, como praticamente todos os produtos calmantes disponíveis nas prateleiras.
Assim que eu tomei o floral, pá! Da noite para o dia recebi quatro ofertas de emprego seguidas (e fiquei pensando... cara, esse neg'ocio funciona que é uma beleza!!!).
No meio das ofertas tinha um e-mail do meu chef da faculdade falando "Mamori, se você ainda estiver procurando trabalho, estão procurando gente no Bennelong, na Opera House, procure pelo chef Guillaume Brahimi, ele é um excelente chef e é muito conhecido na Austrália".
Três coisas: eu nunca tinha ouvido falar em um restaurante chamado Bennelong na Opera House, muito menos em Guillaume Brahimi, muito menos ainda que ele era conhecido em algum lugar e achei até que fosse um desses exageros de chefs franceses querendo puxar a sardinha para o lado deles.
Então, liguei para minha enciclopédia ambulante, o Dervish... "Dervish, você conhece um tal restaurante chamado Bennelong, tem um e-mail do chef Brioche me falando que estão procurando gente lá".
"Are you kiddiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiing??? Claro que conheço, é um dos melhores restaurantes da Austrália, não fica melhor que isso!!!" Liga agora!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Está entendendo??? Agora!!!
O chef me pediu para ir vê=lo no mesmo dia.
Eu fui... Cheguei lá, me recebeu um português que mais tarde descobri que era o head chef, ou seja, ele é o poder! E o poder fez calar os liquidificadores para me explicar as seções da cozinha que pareciam gigantes e assustadoras.
Enfim, no dia seguinte, eu tinha um trial. Nao fazia idéia do que ia acontecer, afinal, eu tinha Perth na mão, com um chef que mais parecia a reencarnação de São Francisco que um chef de tão bondoso que era.
Trabalhei por 12 horas naquele dia e no final da noite o head chef me perguntou se eu tinha gostado e queria voltar. Eu falei "Claro!" Afinal, quando te oferecem um emprego no tal do Bennelong, você não pensa duas vezes, simplesmente vai e aceita.
Eu aceitei esse trabalho e com dor no coração, comuniquei o chef de Perth da minha decisão que como todo bom santo me deixou as portas abertas.
Na mesma semana trabalhei sexta e sábado e na semana seguinte, mais cinco dias seguidos, mais de 12 horas por dia a ponto de não sentir mais os pés. Minhas mão ficaram calejadas, queimadas, com bolhas, e meu corpo inteiro doeu.
Como sou a garota nova, a australiana que me da os comandos rosnou e latiu para mim porque não sei fazer ainda tudo com perfeição de um restaurante 3 hats. Uso minha casa praticamente so para dormir e tem horas que me dá medo só de pensar em voltar ao trabalho.
Minha família está orgulhosa, assim como todos os meus amigos... mas a verdade é que só eu sei o que meu corpo e mente passam nessas horas de trabalho pesado, mais pesado que o de um pedreiro. E que no fim das contas o restaurante ter três hats ou nenhum hat não muda o que eu sinto.
Aprendi a passar praticamente o dia todo sem conversar com ninguém. A ficar calada e só obedecer, dizer sim e pronto, mesmo que não seja minha culpa, engulo e falo yes chef, yes, sir, yes mamn.
Este está sendo como um processo dos alcólicos anonimos, um dia de cada vez. Antes eu amava ver a Opera House... hoje me dá tremedeira.
Trabalho sem reclamar. Estou admirada com o que meu corpo consegue aguentar. Eu agradeço ter trabalho, porque sei que a graça divina deve ter um plano maior do que a minha compreensão no momento.
Não consigo contar isso de uma forma engraçada. Só posso defender os trabalhadores de cozinha que pegam no pesado como a gente. Sei que existem lugares em que mesmo que seja duro, as pessoas cantam e dão risada e relevam os erros. Lá, onde estou, perdoam meus erros, mas nunca relevam.
As pessoas não têm idéia do que se passa na cozinha de um restaurante e não estou falando de uma cozinha qualquer, estou falando de uma cozinha onde existe dinheiro e infra-estrutura: as pessoas não sabem que quando alguém reclama, somos humilhados, xingados e agredidos. Trabalhamos mais de doze horas por dia, com salários baixos e sem intervalos para ir ao banheiro, comer numa velocidade razoável ou respirar ar puro. Isso é lei comum na maioria dos restaurantes que existem por aí, inclusive no Brasil. E todo mundo diz que o sistema é assim e que a gente precisa se adequar a ele.
Eu emagreci. Acabei com meus band-aids. Não sinto raiva, cada minuto é precioso demais para gastar com raiva.
Nunca mais vou olhar um restaurante da mesma forma, não reclamo mais de atraso, de espera de marca de dedo no prato.
Essa é minha experiência e minha percepção. Não se trata de dó ou piedade.
Ainda estou me acostumando com tudo isso, com essa realidade que me arrebatou por inteiro.
Quando chegar minha hora de decidir, quero fazer do ponto de vista de alguém que faz isso com consciência.
Rezo o salmo 90 todos os dias para ter forças e persistir. Se estiveres em apuro, agarra-te à tua fé.
Você que habita ao amparo do Altíssimo,e vive à sombra do Onipotente,
diga a Jave: "Meu refúgio, minha fortaleza,meu Deus, confio em ti!"
É livrará você do laço do caçador,e da peste destruidora.
Ele o cobrirá com suas penas,e debaixo de suas asas você se refugiará.O braço dele é escudo e armadura.
Você não temerá o teror da noite,nem a flecha que voa de dia,
nem a epidemia que caminha nas trevas,nem a peste que devasta ao meio-dia.
Caiam mil ao seu ladoe dez mil à tua direita,a você nada atingirá.
Basta que olhes com seus próprios olhos,,para ver o salário dos injustos,
`porque você fez de javé o seu refúgio e tomou o Altíssimo como defensor..
A desgraça jamais o atingirá e praga nenhuma vai chegar à sua tenda:
pois ele ordenou aos seus anjosque guardem você em seus caminhos.
Eles o levarão nas mãos,para seu pé não tropece numa pedra.
Você caminhará sobre cobras e víboras,e pisará leões e dragões.
Eu o livrarei, porque a mim se apegou.Eu o protegerei, pois conhece o meu nome.Ele me invocará, e eu responderei.
Na angústia estarei com ele.Eu o livrarei e glorificarei.
Vou saciá-lo de longos diase lhe farei ver a minha salvação".
Saturday, July 18, 2009
Quando o mundo pára
Quando a gente tem fé, coisas boas vem para o nosso caminho e nos tomam nos braços. E acredito nisso, acredito que essa é a nossa razão de ser, aprender a abrir mão de certas coisas, entender que como seres humanos, não podemos controlar tudo. Entreguei a Deus meu desespero, meu medo.
Olhei fotos antigas, fui saber dos meus amigos, alguns viraram celebridades, outros tiveram filhos, alguns encontraram alguém para casar, saíram do armário, descubriram que alguém tão de perto não era quem pensavam ser, alguns continuaram doentes, outros conseguiram exatamente aquilo que queriam. Olhar para fora ao invés de olhar só para dentro mexe com a gente.
Thursday, July 9, 2009
Matrimônio, matrimônio...isso é lá com Sto. Antônio!
Depois de quase um mês planejando, a nossa festa junina saiu!!! E como toda festa sempre tem uma polêmica, a nossa não poderia ser diferente!
Tudo correndo bem até que chegou a hora do CASAMEMTO NA ROÇA e finalmente, Santo Antônio ouviu minhas preces e me deu um matrimônio!
POIS É POVO, EU CASEI! Casei em inglês com o o Gabriel, partidão, todos os dentes na boca, residente australiano, um caipira bem caipira! Nosso casamento foi a comédia do ano, meu bouquet de bandeirinha caiu no chão e não sei se vocês fizeram a conexão mas bouquet parece muito com outra palavra quando pronunciada ao pé da letra em "caipirês" e enfim... sem comentários...
Nossos votos foram uma dose de cachaça BOAZINHA e a única coisa que lembro foi o noivo falando "Anda logo padre, HONEYMOON, HONEYMOON padre!"
E como se não bastasse 25 pessoas de todas as partes do mundo numa sala de apartamento falando ao mesmo tempo e comemorando um casamento de festa junina com a empolgação de um canguru boxeador, nós não poderíamos deixar de dançar quadrilha! Claaaaaaaaaaaro por que não fazer mais essa???
Emendada no casório começou a quadrilha... que durou exatos 45 segundos porque foi exatamente o momento em que nosso vizinho de baixo invadiu o arraiá (polêmica 25675) fazendo o maior escândalo pra gente parar de pular no chão... (oh crap) E LITERALMENTE APAGOU A NOSSA FOGUEIRA... (rapidinho, em nossa defesa, eram sete horas da noite e nós nunca fizemos barulho, de verdade, foi a primeira vez sendo que o bebê deles chora TODOS OS DIAS de madrugada e nós nunca reclamamos. Ou seja ele agiu como um animal irracional americano, then again, talvez ele seja um).
Aí os amigos australianos que são bem australianos resolveram ficar esquentados com o vizinho e dizer, "Olha Man, this is a wedding!" e aí a namorada brasileira tentou segurar o namorado australiano e cara... aí sim a festa virou uma novela... desmanchamos a quadrilha rapidinho rapidinho, não lembro como foi que meu quarto virou um pronto-socorro emocional, mas estranhamente, pessoas com lágrimas nos olhos adoooooooram o carpete do meu quarto (polêmica 34528) ahhahahah e entre mortos e feridos o importante foi que eu casei !!! ahahhahaha (só rindo mesmo)
Encontrei com o Dervish e o Stingy depois da festa ... eles tinham ido embora mais cedo e contei o qu aconteceu... "Mamori, se você quase explodiu seu apartamento quando casou de mentira, o que é que vai acontecer quando você casar de verdade?" ... "Não sei Dervish, mas acho melhor avisar o vizinho antes, né?" ... "Talvez seja melhor avisar o Corpo de Paz e os bombeiros também!" ... "Ok, vou pensar nisso"
Só fiquei triste pq não deu nem tempo de fazer a dança da laranja e o ovo na colher.
PS. Depois do casório fizemos controle de danos e mandamos uma caixinha de bombons para o vizinho pedindo desculpa. Não interessa quem estava com a razão ou não, interessa que a gente precisava ficar de boa com eles e pronto e quando fomos conversar com eles, a esposa claro (porque quando os maridos fazem merda sempre sobra para as esposas) veio toda envergonhada se desculpar pelo comportarmento do trogloditam digo do marido dela (que tinha tido um bad day) e falar que quem tinha que a gente não precisava apologize porque a gente nunca faz barulho e eles sabem que o babê deles grita toda madrugada e blá blá blá. Ou seja, ficamos de bem. Ou seja, moral da história crianças quando vocês tiverem um dia ruim no trabalho não descontem na felicidade do vizinho porque eles não tem culpa. Em defesa das festas de apartamento me despeço deste post. Ufa casar dá mesmo trabalho!!!
Mesmo assim , obrigada Santo Antonio, já te tiro do balde e devolvo o menino Jesus.
Thursday, June 25, 2009
Lixo de banheiro é um desabafo
Monday, June 22, 2009
Mais Perto de Mim
WARNING!!! OLHEM SÓ, ESTOU AVISANDO ANTES: TIVE UMA SEMANA DO BARALHO E CONSEQUENTEMENTE MEU POST ESTÁ UM TANTO INTANGÍVEL. VOU FALAR DE NUMEROLOGIA, ENTÃO SE VOCÊ É DO TIPO QUE SE OFENDE OU ACHA QUE SOU BRUXA, MACUMBEIRA (REALMENTE NÃO ME IMPORTO) OU ACREDITA QUE MEU DESTINO MERECIDO É O INFERNO REITERO QUE: "QUEM DESEJA TAL FIM PARA UM IRMÃO VAI DESCER COMIGO NO MESMO ELEVADOR" E ESSA É MINHA INTERPRETAÇÃO DE MOISÉS NO VELHO TESTAMENTO!
Quatro dias depois... é faz só quatro dias desde sexta-feira... bendita sexta-feira!
Não vou mentir que essa semana foi bem bizarra, até quinta-feira, uma calmaria supeita... daquelas que a gente não entende muito bem o que está querendo dizer. Foi tanto estranha que eu não consegui uma mísera inspiração para postar.
As tentativas foram tão inúteis quanto escrever um anúncio para os classificados de automóveis de domingo, aqueles do tipo em que se tem três linhas de dois centímetros para definir quão maravilhoso é seu Gol turbo plus supercharge total flex 2007 e percebe que gastou mais de duas horas tentando decidir qual adjetivo o descreve melhor... se é o turbo, se é o total flex, se é o supercharge e acaba decidindo por "bolinha prata" que é literalmente como tomar uma bolada na cabeça, ou seja, já que não ia dar samba melhor descer da plataforma e calçar as sandálias da humildade... então esperei para ver se o resto da semana explicaria minha inexplicada inquietude.
Nesse meio tempo choveu o mundo... para variar lá vamos nós re-lavar a roupa que ensopou na sacada após ter sido deixada por inocentes 20 minutos sem supervisão de um adulto... aliás, quem estou querendo enganar, sou eu quem cuida da roupa então, teoricamente a história do adulto fica meio surreal.
Enfim, eu estava me sentindo estranha (daquele jeito estranho que só uma mulher sabe como é e que não adianta tentar explicar, e antes que coloquem a culpa na tpm, vou logo dizendo: "não estava de tpm!" )...Cara tem dias que a mulherada está estranha e pronto... não adianta ficar ficar perguntado o que que está acontecendo. Aliás, um recado para os homens: se vocês têm amor pelas esferas responsáveis pela perpetuação de sua linhagem entre os mortais não digam nunca a palavra proibida"calma" a uma mulher num momento estranho porque ela pode decidir que não é tão importante assim que você continue a procriar e os mastigue como chiclete...(sanguinária??? imagina...) só estou esclarecendo uma questão de auto preservação.
Moving on... a quinta-feira passou arrastada... chegou sexta... dia do mapa numerológico... acordei animada e fui encontrar com o Músico. Cheguei atrasada... demorei para encontrá-lo, comecei automaticamente achar que "não é para ser! Simples, não é para ser e pronto!". Tremo como uma vara verde!
Me deu um puta nervoso quando chegou a hora de mexer nos números de novo... Lembrei da primeira e única vez qu eu fiz numerologia antes e lembrei também que saí inconformada com o que a mulher me disse: "então filha, você tem uns números meio pesados..." parei, respirei, pensei: "ok, ok... e aí??? O que é que a senhora espera que eu faça?" e a resposta "mude de assinatura nos documentos, mude também o número do seu telefone, o número do seu seguro saúde, o número da sua casa, o número de vezes que você vai ao banheiro...". Parei novamente e pensei: "super simples ...basicamente, tenho que nascer de novo!". Adotei algumas coisas do que ela disse, mas no fim, não fluiu fazer tudo e de quebra ficou uma pulga atrás da minha orelha... o que fazer com aqueles números pesados? O que fazer quando sua vida não é simples? Eu queria uma explicação mas estava tão sugestionada que não forçaria essa resposta até que eu estivesse pronta para olhar o assunto de uma perspectiva mais saudável e destacada.
Então já que a segunda vez aconteceu sem forçar, eu fui despretensiosa ou melhor fui esperando algo meio previsível, seguro e simples que pudesse me esclarecer o que fazer com esses números, era minha única pergunta concreta. Nessa hora meu coração começou a bater como uma britadeira... e toda a estranheza fez sentido. Eu estava indo colocar a mão na merda... Eu não sabia o que estava por vir.
A sessão foi como abrir a porta de um armário de coisas velhas que estavam ali pedindo para ser doadas ao Exército da Salvação. Eram coisas que eu não podia mais ignorar que estavam lá e que eu nao sabia bem o que fazer delas. Encarei o fato de estar gelada frente a um estranho como uma oportunidade de aliviar aquele peso, mesmo que significasse sair da zona de conforto.
Falamos, enxergamos, esclarecemos, não foi fácil nem confortável em nenhum momento... mas depois que saí de lá, algo mudou... para pior e logo depois para melhor... Foi como se algo muito profundo tivesse se transformado sem que eu me desse conta e os números foram a menor parte de tudo. Eu não tenho uma explicação plausível.
Acho meio dispensável dizer que por um momento achei que estivesse louca (e sei que podem estar se perguntando por que eu duvidaria de algo que está mais que comprovado, mas a maioria dos loucos acredita que existe alguma sanindade em si mesmos e eu não sou diferente) e talvez até passando por uma transformacão mutante... fiz perguntas do tipo: "o que estou fazendo na Terra?"e "Por quê?" e logo depois exclamações: "Nada faz sentido!", "Oh Deus quanta merda!"... mas depois de sentir meu corpo cansado e dolorido como se eu tivesse apanhado de agentes da Inteligência Britânica (o tipo de surra que dói mas não deixa marcas) eu dormi, acordei e o dia seguinte começou sem que eu tivesse tempo de pensar muito no meu dia anterior o que me fez considerar que aquilo era proposital.
O que ficou para mim foi ele me dizendo que a maior lição que eu poderia aprender com os australianos é o amar-se a si mesmo e é bem isso... australiano se preocupa pouco ou quase nada com a vida dos outros, se você quiser andar fantasiado de rena, o problema é seu! Você não é melhor ou pior por isso, você é simplesmente uma pessoa com algum motivo para andar na rua como um ajudante do Papai Noel. Nessa mesma noite, quando estava subindo as escadas do prédio escutei no ouvido Eu Preciso Dizer que Te Amo como se o próprio Cazuza estivesse ali cantando para mim e achando tudo aquilo engraçado demais. Cantei junto baixinho e baixei minha guarda.
Eu passei por um mini exorcismo, é verdade, mas como foi para melhor, eu desencanei de ficar com medo. Duvidei dá bênção até o último minuto, mas como sei que sou minha maior ameaça, eu duvidei porque doeu. Eu fiz o melhor que pude para me ajudar e vou fazer enquanto eu tiver tempo para isso! Conselho básico: se está muito parado, desconfie e segure a peruca porque muito provavelmente vai precisar de força nela!.
Talvez eu não consiga apagar as linhas estressadas das palmas das minhas mãos agora, mas eu vejo que um conhecimento retirou um dos muitos véus que cobrem minha visão e alguma claridade me banhou os olhos. Não chorei. Estou um passo mais perto de mim.
O dia está lindo... pelo menos por hoje, viver não dói.
Monday, June 15, 2009
3 GREEN BOTTLES
Pois então... o tal do Vivid rendeu!!!!!!!!! Meninos e meninas, quando a gente reza, o Pai atende! (Por isso, aos meus leitores que recomendaram a macumba do Pai Galo posso dizer que: "Santo Agostinho das Causas Desesperadas foi mais rápido... menos de 24 horas!)
Depois da minha tortura durante a madrugada eu saí o mais rápido possível de casa... atrasada, mas bem vestida e não é que foi uma mão na roda?
Fui encontrar minhas amigas para um programa característico nosso e depois seguimos para encontrar o resto do povo... não sei como, até quem nunca aparece resolveu aparecer e não era espírito... todos bem vivos!!!
Aliás, uma das vantagens de ter um amigo fotógrafo quando a sua auto-estima precisa de um up-grade é que ele consegue te transformar em super modelo em cima de um banco com iluminação índigo no breu do observatório onde costumeiramente serial killers levam suas vítimas pelos cabelos para terminar o serviço... ou seja, ele é assim bom nesse lance de tirar foto!
Quando a gente escutou um rooooooooooonc no estômago de alguém fomos batalhar uma mesa no The Australian!
Três pizzas de canguru depois, topei na hora a idéia de ir na despedida do Músico! Claro o Músico está indo embora em alguns dias de volta para a Terra Brasilis depois de três anos, três meses e três dias... 333 dá 9 que é o fim do ciclo...! O único detalhe é que eu não conhecia o Músico... na verdade, ninguém conhecia o Músico... brincadeira, de todos nós, pelo menos uma pessoa conhecia o moço.
Cheguei lá e foi impossível não ficar feliz! Pela primeira vez em mais de um ano, entro numa balada em que a PRIMEIRONA música que escuto é conhecida! Porque vamos colocar assim... australiano tem um hábito para músicas peculiares quase tão exagerado quanto a maneira de se vestir (citação retirada do diálogo dos meninos de Manly: "o sapato de traveco para combinar com a passada torta de dinossauro andando com aquelas sainhas, mas a gente não reclama, tá ligado???" enfim, isso é assunto para um post inteiro rsrsrs).
Anyways... balada do Músico rolando solta, chego feliz porém tímida e resolvo que depois de ter a mente torturada durante uma madrugada inteira eu não ia permitir a recorrência de tal estress consecutivamente nem que eu tivesse que embriagá-la levemente! E sabe que foi uma ótima idéia!
Entre três dividimos uma garrafa de sparkling da casa (Welcome to the party - Patife moment), deu para relaxar o suficiente para cumprimentar o Músico com aquele sorriso amarelo de muito prazer, desculpa por invadir a sua festa mas no caso estávamos sem uma para ir e como a ocasião faz o ladrão, resolvemos verificar se a regra se aplica a festas alheias ... hehehe deu certo... ele sorriu de volta e descobri que além de gente boa ele também manja de numerologia.
PS... AGURADEM AS CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS... AHAHHAHAHHHA
Thursday, June 11, 2009
Pata Negra e Café Morno
Saio do meu pijama de flanela (minha melhor arma contra esse frio desgraçado) para entrar no meu uniforme de quinta série, perdão, digo, de gerência. Ajusto a gravata (sim, até as mulheres têm que usar gravata, no começo incomoda um pouco, mas depois acostuma-se), escovo os dentes e sem café-da-manhã saio para o ônibus das seis e pouco.
TEC TEC TEC ( batem os dentes dentro da minha boca)! Espero, espero, espero e junto com outras simpáticas pessoas castigadas pela necessidade de tomar condução australiana antes do sol nascer, percebo que a grande bola amarela que determina o começo de mais um dia para os mortais surge brilhante diante da minha cara sonolenta sem diminuir o frio que insiste em transpassar os pontos das minhas três calças sobrepostas.
Exclamo mentalmente:"Mas pô! Que que tá havendo???"
Seis e quinze, nada, seis e vinte nada! E noto que a grande bola amarela não está lá por acaso, já deu a hora dele subir faz tempo!
Percebo as senhorinhas que solidariamente passaram o mesmo frio da madrugada que eu se movimentarem inquietas com a linguagem corporal dizendo "ondé que está o o bloody ônibus? (senhorinhas australianas não falam palavrão e se palavra energúmino tivesse uma tradução literal elas a usariam no lugar da palavra merda (que no caso tem tradução literal).
Mas como não sou australiana, posso me valer de quantos palavrões eu quiser para expressar minha indignação!
E aí, minha louca (e para o horário, preguiçosa) mente feminina começa a se articular... UIIII PERIGO!
Pensamento # 1: curse the bus
Pensamento # 1 e 1/2: pensar na minha cama quentinha
Pensamento # 2: não tenho prova amanhã, tudo feito, não tenho nada importante marcado para hoje e não vão me deixar entrar antes das 10 de qualquer jeito já que vou chegar atrasada...
Pensamento # 3: HA! Com esse frio não vou para aquela lonjura nem a pau Juvenal!!!
E logo em seguida penso de novo: "mas já faltei uma vez sem motivo, os céus podem decidir que se eu faltar hoje, no caso futuro de uma gripe suína ou pata quebrada vou ter que me arrastar para a aula de qualquer jeito para não ser denunciada à imigração e posteriormente deportada como um traficante argentino que que jura que o presunto no porta-malas é um Jamón Pata Negra valiosíssimo e não um ex-cliente angolano.
E lá vai minha mente de novo: "cabular, não cabular, pata quebrada, Pata Negra, traficante argentino, deportação deste corpo para o Brasil, a cara de desgosto da minha mãe, os cabelos brancos do meu pai, ahhhhhhh chega!!!!!! Decidido, Espero o próximo ônibus e se não passar é um sinal divino! Não tenho, ou melhor, não devo ir para Ryde!
Tchan, tchan,tchan,tchan!
Devagar e engasgando chega o busão das 6:35 às 6:45... Subo contrariada por saber que não há uma greve dos motoristas acontecendo e que eu não recebi um sinal divino para voltar a dormir!
ÀS 7:10 chego no centro para pegar o próximo ônibus e correndo pela rua como quem vai tirar a mãe da forca chego no segundo ponto de ônibus UHUUUU o 520 ainda está lá parado no ponto!!!
Chego na porta, mas para variar, ele não abriu porque já tinha aberto uma vez e eu não estava lá... ou seja, mesmo com cara de please sir, please, ele disse que não ia abrir e fiquei no frio mais 20 minutos esperando o próximo! (Vontade de xingar??? imagina...) (Vontade de voltar???... imagina...)
Mas para quem estava no frio com os dedinhos do pé congelados, o meu quase sinal divino foi meio sinal! Então, mesmo semi congelada como um lombo recheado na geladeira e empacotada para viagem como um, eu fui para a aula, atrasada mesmo! E como não iam me deixar entrar antes do morning tea (sim, temos um intervalo com esse nome em pleno século VVI onde a maioria das pessoas dejejuam um cigarro e um café) decidi quebrar a regra do chá e contribuir com os lucros da maior contradição do universo que é a cantina da minha escola de GASTRONOMIA e hospitalidade!
Com isso, quero dizer que o sistema prisional australiano deve comer tão bem quanto os estudantes da minha faculdade, com a diferenca que eles fizeram várias coisas erradas e comem grátis enquanto gente honesta que acorda às 5 da matina para esperar um ônibus que não passou tem que pagar 7 dólares por um café semi quente (sim, esse é o nome que eles dão para morno e ainda se gabam por isso) e uma filo pastry de recheio verde duvidoso.
Enfim, café, massaroca verde e caneta verde em punho, me dei ao luxo de me alojar sem sapatos no sofá da student association para escrever sobre mais um capítulo da minha saga pessoal, divisão - coisas bizarras que acontecem de manhã.
Sei que depois de ler tudo isso espera-se que eu tenha uma conclusão sofisticada e filosóficamente rebuscada mas a minha não é!
Na verdade, prefiro terminar o post com um clichê inventado por algum adolescente com hormônimos e desde já me desculpe pela falta do tão esperado decoro social, mas não consigo encontrar nada mais apropriado que dizer: "Não leve a vida tão a sério porque a gente nasceu de uma gozada!"
Cabule o dia inteiro ou pela metade, num nível seguro de deportação e tome um café morno fazendo algo que de fato dê prazer, como por exemplo, tirar sarro de tudo que deu errado nas primeiras horas da manhã, encher a pança de porcarias e escutar Belanova no último volume enquanto ressucita os dedinhos do pé!
NOTAS PÓS ESCRITAS: No fim do dia o saldo estava positivo, depois da aula que passou mais rápido do que eu imaginava, lotamos o carro do Dervish e fomos para Auburn, o bairro dos turcos muçulmanos comer BAKLAVA fresquinha e experimentar o Kesme Maras, o sorvete deles que tem que ser comido de talheres.
Mais à noite, fui com a Rafa consertar meu cel no Warringah mall e comi sushi!!! Tive cãibra nos pés, mas sussa, dedinhos vivos!
FYI: JAMÓN IBÉRICO: O jamón ibérico procede do cerdo de raza ibérica. As principais características que o distinguem derivam da pureza da raça dos animais, da criação em regime extensivo de liberdade do porco ibérico eM dehesas arborizadas onde podem mover-se, da alimentação e da curação do jamón, que pode se extender de 8 a 36 meses. O jamón ibérico de pata negra se distingue do resto por sua textura, aroma e sabor singulares e distintos - mesmo o sabor varia segundo o grau de bellota (fruto ibérico de sabor que pode ir do amargo ao doce) que o porco comeu, e do exercício que o animal fez.
Classifica-se geralmente segundo a quantidade de bellota que o animal consumiu antes do sacrificio. A clasificação oficial permitida para os jamones ibéricos os agrupa em:[1] Jamón Ibérico de Cebo, Jamón Ibérico de Cebo Campo, Jamón Ibérico de Recebo y Jamón Ibérico de Bellota.[2]. - CRÉDITO: Wikipedia.
Monday, June 8, 2009
Família, Comida, Cura e Espiritualidade
Uma jornada pessoal
Fiz as pazes com o meu corpo, com as sardas do meu rosto e agradeci por ter nascido brasileira. Aprendi sobre alimentação orgânica e sobre uma vida saudável e também a comer porcarias com gosto e sem culpa. Aprendi que comida foi feita para nutrir não só o corpo mas também a alma, para fazer as pessoas mais felizes e que nossa relação com comida diz muito mais sobre nós do que julgamos estar exposto. Aprendi que a natureza cura e que pessoas precisam de pessoas.Eu me permiti experimentar o novo: pulei de paraglider na Nova Zelândia, decorei meu quarto de branco, reuni amigos para comer, aluguei meu primeiro apartamento, chorei de solidão, me refiz, caminhei, caminhei e caminhei, fui para a praia numa terça-feira ensolarada, cabulei aula so pelo simples fato de estar de saco cheio, senti nostalgia, presenciei meu melhor amigo assumir a homossexualidade e senti dor, presenciei meu melhor amigo começar a namorar meu outro amigo e senti ciúme, cozinhei para o ex-chefe do namorado do meu melhor amigo e quis comê-lo vivo, fiz planos sobre voltar, fiz planos sobre ficar, sonhei, comprei uma versão do kama sutra para mulheres e gastei dinheiro com revistas femininas e livros de culinária que eu nunca compraria no Brasil, desenhei retratos em carvão, tomei meu primeiro vinho de sobremesa e gostei, tomei uma garrafa de tequila com meus amigos jogando verdade ou desafio, perdi várias vezes e por isso, mandei uma mensagem obscena para um cara da escola, admiti defeitos,comi comida indiana, comi comida persa, comi comida coreana, comi comida paquistanesa, comi comida taiwanesa, comi comida filipina, fiz amizade com uma filipina obstinada, fiz amigos companheiros, me reconciliei com outros amigos, morei com 10 flatmates numa mesma casa caindo aos pedaços, vi cangurus e koalas, dei consultas espirituais, tratei de pessoas, vendi dua pinturas, ganhei uma família diferente da que eu imaginava e nada aconteceu de maneira convencional, da maneira como mostram os filmes. Não foi uma história de filme, mas digna de um livro. A jornada continua e eu continuo a escrever...