Saturday, July 18, 2009

Quando o mundo pára


Eu percebi quando o tempo mudou... de repente, não mais que de repente, como uma piada sem graça, senti a vibraçao mudar e aí, foi uma atrás da outra. Esse post tem sido um processo para mim, um processo de voltar a me movimentar. Foi escrito e reescrito, pedacinho por pedacinho até que eu pudesse publicar.

Foi muito simples de ver que eu não estava na crista da onda. Mas por incrível que pareça, fiquei consciente o tempo todo. Só me desesperei quando percebi que à minha frente havia névoa. Névoa é pior que o escuro, ao escuro pelo menos, os olhos se acostumam. Mas no nevoeiro não há por onde. Perde-se a noção espacial, temporal, sufoca-se.



Foi assim que me senti nessa última semana, aquilo que vingaria não vingou, aquilo que venderia não vendeu, aquilo que sentiria, não senti. Restou apenas, o vazio.



Em ocasiões passadas já me senti assim, talvez de uma maneira muito pior, sem perspectiva ou meta. Dessa vez ficou um vazio, que logo virou saudade. Saudade do que poderia ser, do que poderia ter sido, saudade daquilo que é concreto, plausível e palpável naquele lugar onde conhecemos por lar mesmo que lá nesse lugar exista uma imagem de você que não mudou para quem ficou, mas que entre as coisas imutáveis existe o amor que chega ao ponto de pedir a todos os santos do céu que olhem, não por eles mesmos, mas por você.

E a consequência do vazio foi saber que alguém que já estudou tanto sobre pensamento positivo fé e amor tem condições suficientes para saber que é preciso deixar o vazio e os amigos do vazio te devorarem para encontrar paz. De dentro da minha angústia, deixei o vazio fazer seu serviço.


No meio do nada, administrando julgamentos, auto-piedade, medo, ignorância, disse a mim mesma, é preciso ter fé e me agarrei a isso. Eu me lembro bem de uma conversa com o Dervish em que eu estava no começo da grande busca do nosso IP e algo não tinha saído bem. Lembro da frustração e de ter sido derrubada nas pernas pelas palavras HAPPY BIRTHDAY! Nesse dia não quis chorar, não tive raiva, nem medo, nem culpa, nem vergonha (e olha que eu sinto muita vergonha). Eu me coloquei exatamente no meu lugar: aprendiz!



"Tudo vai ficar bem! Algo melhor está a caminho!!!"



"Tenho mesmo que ter fé!"


Quando a gente tem fé, coisas boas vem para o nosso caminho e nos tomam nos braços. E acredito nisso, acredito que essa é a nossa razão de ser, aprender a abrir mão de certas coisas, entender que como seres humanos, não podemos controlar tudo. Entreguei a Deus meu desespero, meu medo.


Agradeci mais uma vez a sorte de estar onde estou, de fazer o que faço de ter a certeza de ter a noção exata de que estou onde deveria estar, fazendo o que deveria fazer mesmo pensando constantemente nas palavras "eu quero a minha mãe!".



Morar longe de "casa" faz isso com a gente. Faz a gente ter saudade do que poderia ter sido, mesmo que se tivesse não seria tão bonito como nas nossas ilusões.

Olhei fotos antigas, fui saber dos meus amigos, alguns viraram celebridades, outros tiveram filhos, alguns encontraram alguém para casar, saíram do armário, descubriram que alguém tão de perto não era quem pensavam ser, alguns continuaram doentes, outros conseguiram exatamente aquilo que queriam. Olhar para fora ao invés de olhar só para dentro mexe com a gente.



Então, eu me recolhi por uns dias, em humilde reconciliação reflexiva. Orei, tomei banho de sal grosso, jantei um livro de auto-ajuda, andei, corri, dormi, perdi o sono, pintei o cabelo, sobrevivi ao ócio, e ás idéias preconcebidas de paz e felicidade.

Aos poucos, a fase de "Oh my God, what now" foi perdendo a força e dando lugar a "Yes! I can do it!" e posso citar a mim mesma "Just have faith and good things will come your way".


Para usar meu tempo produzindo algo bom e construtivo voltei a desenhar. Redescobri meu amor por designs. Alguns dias, pelo meu trabalho, passei madrugadas em claro, só pelo prazer de ver uma tela terminada.


A imagem que ilustra o post é um dos meus designs. E não estava triste quando o fiz, pelo contrário, estava emocionada. Comovida por ainda estar em mim a mesma paixão de anos atrás.

Se faz sentir, faz sentido. Maior que este corpo ou que as idéias dos homens














Thursday, July 9, 2009

Matrimônio, matrimônio...isso é lá com Sto. Antônio!



Mesmo aqui do outro lado do mundo, a gente não poderia deixar de comemorar essa tão importante tradição brasileira. Afinal, brasileiro que é brasileiro comemora festa junina com tudo que tem direito, afinal, é só uma vez no ano!

Depois de quase um mês planejando, a nossa festa junina saiu!!! E como toda festa sempre tem uma polêmica, a nossa não poderia ser diferente!


A começar pelo milho... O milho foi o vegetal polêmico da ocasião a começar pela decisão dele ser ou não parte da festa, dadas as nossas limitações orçamentárias "o que é que vai ter de salgado?" - respondo: "pão de queijo, pipoca, cachorro quente e batatinha" escuto: "MAS O QUE ACONTECEU COM O MILHO????????????????????" respondo: "não aconteceu nada, justamente, nós cortamos o milho porque está fora de época, três espigas por $3 e viraremos todos galinhas da Angola pois não apenas nossa dieta será constituída unicamente de grãos como logo em seguida morreremos de fome como os habitantes da nossa nação irmã africana. (respiro) sem contar com o o fato que despertaremos a ira de 65% dos convidados, porcentagem correspondente aos participantes do sexo masculino que esperam comer salsicha no pão (e naquela hora estave me referindo unicamente ao contexto gastronômico da figura)" e depois da minha detalhada explicação escuto: " não cara!!! tem que ter milho!!!" e blábláblá, converse com a minha mão.




"Ok, ok, ok, vamos então no Paddy's Market comprar o milho, lá deve ser mais barato...


(reticências... geralmente significa... Oh dear...)"


E lá fomos nós no (old) red car da Carioca, comprar milho barato para alimentar dois times de futebol em campo e seus reservas.


Andamos pelas barracas do mercado e superado o choque inicial ao descobrir que os donos das barracas de vegetais eram todos chineses e gritavam as ofertas no caso, em chinês... encontramos uma única barraca em que havia milho e para nosso espanto, o feirante era australiano!
Três milhos por 2,5... mais barato mas eu precisava pechinchar... orçamento é orçamento... e ele nos deu 29 milhos e uma espiga de brinde por 20 dólares! Ótimo, fechamos negócio (melhor pular a parte em que a Ra fez as contas erradas e quase brigou com o dono da barraca por vender milho mais caro para a gente e pagamos o mico de ver o cara falar "presta atenção moça, claro que não! Eu estou fazendo 30 milhos por 20 e não vinte milhos por trinta" ...

Caixa de milho na mão, "vambora daqui!".

"Desvia, desvia, aiii tá pesado... Ra... C-O-R-R-E QUE O FAROL ABRIU!!!"


Milhos salvos!


Em casa, duas mulheres solteiras descabelaram trinta espigas de milho... acredite, não existe prazer nisso e resta apenas o cansaço final. Dois bolos de fubá foram assados, um com goiabada e outro com erva-doce, uma panela enorme de canjica também foi preparada e eu literalmente me senti como as merendeiras da escolas municipais do estado de São Paulo quando a fila do bandeijão se instalou e eu comecei a gritar para botar ordem no galinheiro, digo, na cozinha.


O vinho quente ferveu, a cachaça esquentou, o pão de queijo assou, a pipoca estourou, a salsicha ferveu e alguém, fez a caridade de trazer paçoca! As bandeirinhas e o bolo de cenoura chegaram ás 6 um pouco antes do padre.


Todos os cavalheiros a caráter, australianos, alemães, venezulanos, brasileiros, indianos e afins todos de monocelha, bigodinho e cavanhaque, chapéu de palha, camisa xadrez e retalho na calça.


E as damas de vestido colorido, trancinha ou maria chiquinha, pintinhas e coração no bumbum.

Tudo correndo bem até que chegou a hora do CASAMEMTO NA ROÇA e finalmente, Santo Antônio ouviu minhas preces e me deu um matrimônio!


POIS É POVO, EU CASEI! Casei em inglês com o o Gabriel, partidão, todos os dentes na boca, residente australiano, um caipira bem caipira! Nosso casamento foi a comédia do ano, meu bouquet de bandeirinha caiu no chão e não sei se vocês fizeram a conexão mas bouquet parece muito com outra palavra quando pronunciada ao pé da letra em "caipirês" e enfim... sem comentários...


Nossos votos foram uma dose de cachaça BOAZINHA e a única coisa que lembro foi o noivo falando "Anda logo padre, HONEYMOON, HONEYMOON padre!"


E como se não bastasse 25 pessoas de todas as partes do mundo numa sala de apartamento falando ao mesmo tempo e comemorando um casamento de festa junina com a empolgação de um canguru boxeador, nós não poderíamos deixar de dançar quadrilha! Claaaaaaaaaaaro por que não fazer mais essa???
Emendada no casório começou a quadrilha... que durou exatos 45 segundos porque foi exatamente o momento em que nosso vizinho de baixo invadiu o arraiá (polêmica 25675) fazendo o maior escândalo pra gente parar de pular no chão... (oh crap) E LITERALMENTE APAGOU A NOSSA FOGUEIRA... (rapidinho, em nossa defesa, eram sete horas da noite e nós nunca fizemos barulho, de verdade, foi a primeira vez sendo que o bebê deles chora TODOS OS DIAS de madrugada e nós nunca reclamamos. Ou seja ele agiu como um animal irracional americano, then again, talvez ele seja um).


Aí os amigos australianos que são bem australianos resolveram ficar esquentados com o vizinho e dizer, "Olha Man, this is a wedding!" e aí a namorada brasileira tentou segurar o namorado australiano e cara... aí sim a festa virou uma novela... desmanchamos a quadrilha rapidinho rapidinho, não lembro como foi que meu quarto virou um pronto-socorro emocional, mas estranhamente, pessoas com lágrimas nos olhos adoooooooram o carpete do meu quarto (polêmica 34528) ahhahahah e entre mortos e feridos o importante foi que eu casei !!! ahahhahaha (só rindo mesmo)


Encontrei com o Dervish e o Stingy depois da festa ... eles tinham ido embora mais cedo e contei o qu aconteceu... "Mamori, se você quase explodiu seu apartamento quando casou de mentira, o que é que vai acontecer quando você casar de verdade?" ... "Não sei Dervish, mas acho melhor avisar o vizinho antes, né?" ... "Talvez seja melhor avisar o Corpo de Paz e os bombeiros também!" ... "Ok, vou pensar nisso"

Só fiquei triste pq não deu nem tempo de fazer a dança da laranja e o ovo na colher.

PS. Depois do casório fizemos controle de danos e mandamos uma caixinha de bombons para o vizinho pedindo desculpa. Não interessa quem estava com a razão ou não, interessa que a gente precisava ficar de boa com eles e pronto e quando fomos conversar com eles, a esposa claro (porque quando os maridos fazem merda sempre sobra para as esposas) veio toda envergonhada se desculpar pelo comportarmento do trogloditam digo do marido dela (que tinha tido um bad day) e falar que quem tinha que a gente não precisava apologize porque a gente nunca faz barulho e eles sabem que o babê deles grita toda madrugada e blá blá blá. Ou seja, ficamos de bem. Ou seja, moral da história crianças quando vocês tiverem um dia ruim no trabalho não descontem na felicidade do vizinho porque eles não tem culpa. Em defesa das festas de apartamento me despeço deste post. Ufa casar dá mesmo trabalho!!!

Mesmo assim , obrigada Santo Antonio, já te tiro do balde e devolvo o menino Jesus.