Sunday, April 25, 2010

Uma Viagem ao Japão


Eu precisava sair...

Sair por um tempo sem me preocupar com nada...

Agir pelo impulso simples de ganhar o mundo e não desperdiçar um segundo, como quem sai fugido de casa.

O Japão aconteceu para mim assim... sem aviso prévio, de última hora, sem planejamento, sem reservas, sem a menor expectativa que fosse.

Hoje, mesmo depois de ter vivido um monte de coisas importantes para minha história em poucos dias por lá, não consigo me sentar em frente ao computador e relatar nada, nem sobre as lindas cerejeiras iluminadas de Matsumoto ou as gueixas de Gion.

Tudo parece ter pouca importância diante da movimentação discreta do meu mundo interior me dizendo coisas que não tenho coragem de dizer voz alta, nem em sentença afirmativa, sobre um lugar distante daqui, onde existem batalhas para lutar e recompensas para clamar.

Hoje, olho os últimos dois anos como o maior presente que eu poderia ter recebido nesta vida. Não só pelo fato de concretizar meu ideal de uma vida mais leve (olhem para mim, cheguei aos Japão for Christ sake!), longe de problemas que não deveriam nem passar pela mente, como também por ter me colocado em primeiro plano na minha vida.

Hoje, alguns medos do passado ainda passam por mim, mas não me dominam mais. Não estou completamente curada da loucura e tampouco liguei todos os pontos do jogo. No entanto, tenho hoje uma compreensão maior da vida e do mundo e sei que é necessário ficar algum tempo em outro lugar para poder ter um comparativo real e escolher.
Eu sei que para muita gente, voltar atrás soa exatamente como a intenção do verbo, no entanto, ás vezes, voltar atrás é um modo de seguir em frente e se antes eu não entendia isso, hoje, eu entendo.

Ultimamente, tenho lembrado da época em que eu tinha um sonho enorme e um plano enorme para acompanhar o sonho. Hoje,tenho sonhos e planos diferentes ele são menores, mais possíveis, independentes e muito mais bonitos que o primeiro rascunho gigantesco que se perdeu num computador pifado. Hoje, eu sei que o computador não pifou por acaso.

Hoje, a informação de que tudo tem seu tempo é um fato na minha vida... enquanto alguns ciclos terminam e se completam, outros explodem milhões de faíscas para começar e mesmo assim,enquanto tanta vida explode lá fora, dois caminhos se abrem diante de mim, duas perguntas são feitas e dessa vez, não tem uma resposta mais óbvia que a outra. As duas são mistério, escondendo alguma verdade essencial.

Não sei o que o Japão me trouxe ou me causou. Enigmático, como o sorriso de uma gueixa...