Monday, June 8, 2009

Família, Comida, Cura e Espiritualidade




Acho que eu não conseguiria escrever sem mencionar família, comida, cura e espiritualidade, simplesmente porque desde que me entendo por gente, esses quatro fatores foram arraigados à minha personalidade, quase como um daqueles adesivos que vc passa o ferro em cima e já era, colou para sempre uma foto do Backstreet boys na sua camiseta do Nirvana.

Sou a quarta geração de uma família imigrante no Brasil o que me torna produto não apenas do amor dos meus pais, mas de uma família onde mulheres relativamente pequenas para seus temperamentos cozinham quantidades suficientes para alimentar um pequeno país de terceiro mundo nos fins de semana quando todos falam alto e ao mesmo tempo sobre como resolver os problemas uns dos outros mesmo que a pessoa em questão não tenha sequer pedido intervenção divina silenciosamente.

No meio dessa confusão toda, eu lembro de ter crescido em um ambiente de fartura à mesa e mesmo quando as coisas não estavam fáceis eu me lembro que as refeições eram geralmente um alívio e uma alegria, fazendo sucesso até com paladares mais exigentes.

Depois de sobreviver meus dolorosos anos de adolescência e de terminar minha primeira faculdade de Relações Públicas eu me vi perdida como uma barata inebriada por uma nuvem de Detefom... pequena, perdida e pela primeira vez, sem um plano!

Tentei várias coisas, mas nada deu certo e para dizer a verdade, minha existência passou a ser preocupante a ponto de se tornar o assunto de cabeceira dos meus pais e se eles estavam preocupados, HA SEGURA ESSA! EU TAMBÉM! Precisei de um bom tempo para pensar e então matutei para rever o que eu queria da vida e o que a bendita vida tinha a me oferecer.


Até que em uma das muitas madrugadas que passei em claro com uma bomba de pressão costurada no meu cérebro e a oração de São Francisco na outra, me veio uma luz que não a do meu abajur, sei lá como foi que surgiu, só sei que quando acordei na manhã seguinte estava lá: uma aceleração quase louca que me levava para a cozinha entre flashes de pensamento e eu me lembrei de como eu era feliz nas loucas refeições da minha família e como eu conhecia bem os pratos e sabores. Fucei no armário até desentarrar as receitas mais antigas da minha mãe e finalmente, achei a receita de bolo que mudou minha vida, o bolo de fubá da Leonor.

Eu não sabia ao certo o que estava fazendo nem para onde eu iria, mas me agarrei à primeira idéia que parecia aceitável: assei meu primeiro bolinho!

A partir desse dia, foi como se eu tivesse arrebentado um colar de pérolas, saiu a primeira bolinha, que tornaria a libertação das outras bolinhas uma consequência natural.

E eu amei cada uma das bolinhas!


Quando dei por mim, já estava aceita no Le Cordon Bleu, de malas prontas para a terra da torrada com Vegemite, Sydney, onde me formei Chef Patissiere. Tudo isso porque depois da faculdade, eu não tinha plano e gostava muito de comer!

1 comment:

Anonymous said...

Que linda vc, Cy!! Continue sem planos que essa sua vida solta tem te levado a horizontes muito belos, que, imagino, talvez antes voce nao ousasse sequer imaginar... te amo (Tha, sua amiga tambem sem planos e mais perdida que barata tonta, buscando um lugarzinho ao sol, pra um dia sentar ao seu lado e rir do desespero passado que, de alguma forma, nos ter'a feito fazer acontecer e prosperar) Super beijo no fundo da sua ALMA!! =]